quinta-feira, 18 de março de 2004

Os "Silvas"

Há uns anos, quando ainda vivia em Lisboa, os meus pais tinham uns amigos muito especiais. Os "Silvas" (como há muitos, não faz mal), viviam no seu pequeno mundo, onde as coisas mais incríveis aconteciam... naturalmente.
De todas as histórias que eles protagonizaram, há algumas que considero verdadeiros achados e que prometo publicar aqui.

Esta aconteceu há uns anos, em plena auto-estrada Algarve-Lisboa.

Eu e o meu pai vínhamos para Lisboa e assim que passámos a primeira portagem ouvimos um carro buzinar atrás de nós. Pelo retrovisor nenhum de nós conseguiu identificar o condutor nem os passageiros do tal carro mas, como nos fazia sinal para encostar à direita e não parava de buzinar, lá encostámos.

Para grande surpresa, era o casal "Silva". O meu pai, que não os via há anos, saiu do carro, abraçou-se ao pai "Silva" e à mãe "Silva" e durante uns largos minutos ali estiveram, todos juntos, aos abraços.
Por fim soltaram-se e começaram as perguntas do costume: Como estás? O que tens feito? Está tudo bem? A família, está boa? O que é que andas aqui a fazer?

E foi com esta última que tudo começou. Os "Silvas" estavam a regressar a Lisboa depois de 3 semanas a percorrer a Costa Vicentina, acampando de praia em praia. Até aí tudo bem.

O carro, um Corsa comercial com os vidros de trás pintados de branco, deixava adivinhar a quantidade de tralha que transportavam: tendas, colchões, cobertores, comida, água, roupa, chapéus-de-sol, toalhas, petromax, fogão a gás e tudo o mais que seja preciso para acampar.

Para meu espanto, a meio da conversa abre-se o porta-bagagens e sai de lá o filho “Silva”. O rapaz, de vinte e tal anos, vinha atrás, no meio da tralha do acampamento. Mas não era só ele! Pouco depois saiu a namorada, que nos cumprimentou com um sorriso tímido e com o cabelo todo despenteado.
Já eu me perguntava como é que esta gente tinha conseguido andar 3 semanas de um lado para outro com a tralha toda mais as “crianças” dentro de 1 porta-bagagens daquele tamanho, quando sai o último ocupante do carro: um São Bernardo! Como toda a gente sabe, os São Bernardos são cães pequenos, sem pêlo nenhum, que não ocupam espaço... portáteis, até!

E pronto, lá estivemos mais um bocado à conversa até que eles se meteram no carro, o casal, o filho, a namorada, a tralha das 3 semanas de acampamento e o São Bernardo, e lá seguiram viagem para Lisboa.

Vocês faziam isto?

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