sexta-feira, 21 de julho de 2006

2º Andar Direito

Ele vinte anos, e ela dezoito
e há cinco dias sem trocarem palavra
lembrando as zangas que um só beijo curava
e esta história começa no instante
em que o homem empurra a porta pesada
e entra no quarto onde a mulher está deitada
a dormir de um sono ligeiro

E no quarto, às cegas,
o escuro abraça-o como que a um companheiro
que se conhece pelo tocar e pelo cheiro
e é o ruído que o chão faz que lhe traz
o gosto ao quarto depois de uma ruptura
faz-lhe sentir que entre os dois algo ainda dura
dos dias em que um beijo bastava

E agora, da cama
vem uma voz que diz sussurrando: És tu?
e a luz acende-se sobre um braço nu
e a mulher pergunta: a que vens agora?
é que não sei se reparaste na hora
deixa dormir quem quer dormir, vai-te embora
amanhã tenho de ir trabalhar.

Não fales, que o bebé ainda acorda
não grites, que o vizinho ainda acorda
e não me olhes, que o amor ainda acorda
deixa-o dormir o nosso amor, um bocadinho mais
deixa-o dormir, que viveu dias tão brutais

E o homem, de pé
Parece um rapazinho a ver se compreende
e grita e diz que ele também não se vende
que quer a paz mas de outra maneira
e nem que essa noite fosse a derradeira
veio afirmar quer ela queira ou não queira
que os dois ainda têm muito a aprender

Se temos...! Diz ela
mas o problema não é só de aprender
é saber a partir daí que fazer
e o homem diz: que queres que responda?
Não estamos no mesmo comprimento de onda...
Tu a mandares-me esse sorriso à Gioconda
e eu com ar de filme americano

Somos tão novos, diz o homem
e agora é a vez de a mulher se impacientar
essa frase já começa a tresandar
é que não é só uma questão de idade
o amor não é o bilhete de identidade
é eu ou tu, seja quem for, ter vontade
de mudar e deixar mudar

Não fales, que o bebé ainda acorda
não grites, que o vizinho ainda acorda
e não me olhes, que o amor ainda acorda
deixa-o dormir o nosso amor, um bocadinho mais
deixa-o dormir, que viveu dias tão brutais

E assim se ouviu
pela noite fora os dois amantes falar
e o que não vi só tive de imaginar
é preciso explicar que sou o vizinho
e à noite vivo neste quarto sozinho
corpo cansado e cabeça em desalinho
e o prédio inteiro nos meus ouvidos

Veio a manhã e diziam
telefona ao teu patrão, diz que hoje não vais
que viveste uns dias assim tão brutais
e que precisas de convalescença
sei lá, inventa qualquer coisa, uma doença
mete um atestado ou pede licença
sem prazo nem vencimento, se preciso for
(espero que não seja preciso, porque não
sei como é que eles vão viver sem os
dois salários...)

Vá fala que o bebé está acordado
e vizinho deve estar já acordado
e o amor, pronto, também está acordado
mas tem cuidado, trata-o bem
muito bem, de mansinho
que ainda agora vai pisar outro caminho.

Letra e música de Sérgio Godinho
Panu-Cru 1978


PS: Uma das mais bonitas canções de amor que conheço

terça-feira, 18 de julho de 2006

Mas porque é que eu voltei?!


Depois de um fim-de-semana óptimo no Algarve, o regresso a Lisboa era inevitável. Mas podia ser, pelo menos agradável, não?

Pois no segundo dia após o regresso, faço-vos aqui o ponto de situação:

Segunda-feira, 01.15 horas da manhã: Chego a casa, depois de 12 quilómetros de fila na autoestrada para passar a Ponte 25 de Abril. Para variar, não há lugar para o carro. Assim, paro à porta, tiro tudo o que é malas, sacos, mochilas e afins, meto dentro de casa e volto a entrar no carro para ir à procura de lugar para estacionar. Com a pressa e o cansaço, as chaves de casa ficam em cima da mesa... dentro de casa.

Segunda-feira, 01.35 horas da manhã: Ligo para os bombeiros para me virem abrir a porta.

Segunda-feira, 01.55 horas da manhã: Entra na rua um camião dos bombeiros na rua. Enorme, com escada e luzes azuis a piscar. Barracada geral. Os vizinhos vêm todos à janela, na esperança de algum acontecimento interessante. Desiludidos, voltam para dentro. O bombeiro informa-me que só me podem abrir a porta de casa na presença da polícia, pelo que temos que esperar que cheguem os senhores agentes, já previamente notificados pelos bombeiros.

Segunda-feira, 02.40 horas da manhã: A polícia não ainda não apareceu, pelo que os bombeiros me abrem a porta de casa, pedindo-me que informasse a polícia de que não me estava a sentir bem, caso me perguntassem alguma coisa. Apesar da porta aberta, os bombeiros não se podem ir embora e eu não posso ir dormir sem chegar a polícia.

Segunda-feira, 03.30 horas da manhã: Chega a polícia. Dois carros. Eu, já com banho tomado e a morrer de sono, desço as escadas munida de Bilhete de Identidade e comprovativo de morada para me identificar e provar que a casa é minha. Um bombeiro informa-me que não é necessário, que a polícia está lá na rua à procura de uma arma e que eu, finalmente posso ir dormir.

Segunda-feira, 19.00 horas: Chego a casa depois de um dia de trabalho normal, com uma visita ao dentista à hora de almoço. Nada de grave. Entro na rua para estacionar o carro. Paro logo no início porque uns jovens pouco recomendáveis estavam, animadamente, a atirar restos de maçãs uns aos outros. A brincadeira acaba e eu avanço. Três voltas à rua depois, lá arranjo lugar para o carro.

Segunda-feira, 20.30 horas: Saio de casa, com o meu Morcego, em direcção ao Coliseu dos Recreios para o concerto de Belle & Sebastian. Ao passar a pé pelos jovens que uma hora antes tinham estado entretidos a brincar com a fruta, ouvimos um "Bacano, tens cigarros?". Intrigado, o Morcego vira-se para trás e pergunta "É comigo?". Inicia-se uma conversa entre os putos da rua e nós, que lhes explicámos que não, não tínhamos cigarros. A conversa acaba por ali e seguimos caminho. De uma das janelas do prédio, sai um escarro que aterra no braço do Morcego. Olhamos para cima e não se vê ninguém. A seguir, voa uma maçã meio comida que me acerta no pé. Os putos da rua avisam logo que não foram eles. Pego no telemóvel e chamo a polícia. O jovem que cuspiu e atirou a maçã aparece na rua a pedir desculpa. De notar que o jovem vem cheio de piercings, com as sobrancelhas cortadas, bom aspecto geral.

Segunda-feira, 20.45 horas: Chega a PSP. Apesar da boa vontade, não se faz nada porque já os jovens tinham fugido. Somos aconselhados a ligar novamente, e discretamente, quando avistarmos o rapazinho cuspidor ali na zona, de modo a que a polícia o possa identificar.

Segunda-feira, 20.55 horas: Continuamos a pé para o Coliseu. O concerto corre bem, mas não me lembro sequer do alinhamento. A minha cabeça não estava lá.

Segunda-feira, 23.55 horas: Chego a casa com o coração nas mãos à espera de ver o meu carro riscado, com os vidros partidos ou os pneus furados. Nada disso. Intacto e no mesmo sítio onde o deixei.

Terça-feira, 08.30 horas: Levanto-me e arranjo-me para ir trabalhar. Estou cheia de sono por causa de uma noite mal dormida e cheia de sobressaltos.


Resoluções:
- Não pensar muito no assunto;
- Não estacionar o carro na rua nos próximos tempos;
- Tentar mudar de casa.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Um dos piores...


...sites que alguma vez visitei!

terça-feira, 4 de julho de 2006

Subidas e Descidas

Durante esta semana, a indústria das comunicações móveis registou um aumento inédito de vendas em Portugal.


Actualmente, a marca líder de mercado é a Sorry Ericson.


Os analistas prevêem também, com alguma esperança, uma quebra nas vendas da marca internacionalmente conhecida "Le Coq Sportif" a partir da próxima quarta-feira, dia 5 de Julho.