segunda-feira, 25 de julho de 2005

José, o Taxista

Vim agora das Finanças. Vim de táxi.

O taxista era igual ao António Calvário mas moreno, de camisa branca aos quadrados azuis e com uma gravata azul cheia de mini-bandeiras dos Estados Unidos.

Tem duas filhas, uma mais velha que está a tirar a carta e passou para o segundo ano de Física na Faculdade de Ciências. A mais nova está no segundo ano do curso de Fotografia.

Foi cabeleireiro durante 45 anos e é taxista há 2. "Saíram agora uns clientes que conhecem uns amigos meus. O Sérgio e a Margarida? Então não conheço? Não conheço eu outra coisa!!! Estamos fartos de fazer viagens! São aqueles que têm o cabeleireiro frente ao Sheraton, tá a ver? Realmente o mundo é mesmo pequeno. Farta-mo-nos de andar e não saímos do mesmo sítio..."

"Já viu estes prédios antigos? Já viu o rendilhado no topo daquele prédio? Gosto tanto. Há uns com espigas, uvas (que querem dizer vinho) e peixes. No outro dia virei-me para a minha mais nova: Ó Lúcia, há-des me emprestar a tua máquina! Olhe que aquela máquina custou mais que 1600 euros!!! Tira quase 800 fotografias! E fica logo tudo armazenado no CD! É uma maravilha! Essa é que a sabe viver. Ela bem diz que gasta o dinheiro dela, o da irmã, o do pai, o da mãe e o dos avós. A outra não, é toda poupadinha!"

"Vá, faça lá marcha atrás para não dizerem mal dos taxistas. Se as pessoas tratassem as outras como gostam de ser tratadas o Mundo era muito melhor, não acha? Eu andei muitos anos nos escuteiros e sempre aprendi: o nosso objectivo é deixar o Mundo melhor do que o encontrámos. As minhas filhas também lá andaram. Agora são as ajudantes na catequese e a mais velha até já toca viola na missa do meio-dia! Ontem fomos a Grândola e parámos na área de serviço. Olhe, se visse aquelas casa de banho!! Um nojo! Eu de vez em quando, assim com o pé, empurro os papéis assim para o cantinho.... Ao menos ficam todos juntos, não acha?"


Pronto, fim da viagem.


PS. A minha participação limitou-se a uns "sim", "não" e "pois".

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