Querer é Poder?

Ontem foi Dia da Criança. Das piores coisas que eu me lembro de ter sido criança, era o desejo de fazer alguma coisa e ter sempre alguém (normalmente a minha mãe ou a minha avó), a dizerem-me que não a podia fazer.

Acho que era Freud que identificava uma idade na infância (já não sei qual), onde as crianças começam a definir e a diferenciar o "querer" do "poder". Lá porque se quer, não quer dizer que se faça!

Pois esse é dos piores sentimentos que ainda hoje me assaltam. Ontem foi o exemplo perfeito disso. Estava fechada na minha sala de trabalho, sem janelas para a rua, sem trabalho para fazer e o meu computador avisava-me que lá fora estavam 29 graus. Voltei de um excelente almoço numa esplanada com vista para o rio e só pensava em sair daqui, ir apanhar ar, sol, sentir a areia nos pés, mergulhar no Oceano, qualquer coisa menos estar aqui fechada.

Mas quase como nos filmes, tinha cá dentro o diabinho e o anjinho. Um a dizer-me para me ir embora e ser feliz e outro a chamar-me à razão, a dizer que tinha que ficar e cumprir o meu horário de trabalho.

Resistir ou não resistir? Ser criança ou agir de acordo com a minha idade?

Acho que hoje me vai acontecer o mesmo. Será que vou fazer o mesmo que fiz ontem? Cresço ou deixo-me ser criança?