sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Parece um filme cómico

Faz amanhã 15 dias que a casa do Algarve foi assaltada. Levaram jóias, um relógio de ouro, umas garrafinhas de Barca Velha, umas caixas de charutos cubanos, um pólo da Lacoste, enfim, tudo do melhor...
Foi lá a polícia, encontraram imensas impressões digitais e um boné, com alguns cabelitos lá agarrados e afirmaram saber, quase de certeza, quem nos tinha assaltado a casa. Se estivéssemos n'América, estes "achados" eram meio caminho andado para encontrar os assaltantes. Mas não. Não estamos n'América, estamos em Portugal.

Na América faziam logo umas detençõezitas, analisavam as impressões digitais e comparavam com os registos da polícia, dos cabelos dava para fazer um teste de ADN, compará-lo com a base de dados existente e a coisa se calhar compunha-se.

Em Portugal, não detiveram ninguém, compararam as impressões digitais mas não coincidia com nenhuma presente nas bases de dados da polícia e os cabelos não servem para nada.

Passo a explicar. A polícia, de cada vez que detém alguém, retira amostras (cabelos, unhas, pele, etc.) dos detidos e introduz o resultado de ADN na sua base de dados. Mas o problema é que a base de dados é mais ou menos ilegal. Não há lei nenhuma que permita (ou proíba) a polícia de retirar estes dados a todos aqueles que leva para a esquadra. Para completar mais a baralhação total, só quando um detido é acusado de um determinado crime (para o qual foi necessário reunir uma série de provas) e depois da ordem dada pelo juíz, é que se pode fazer a tal análise de ADN.

Ou seja, a polícia tem bases de dados enormes, mas só as pode utilizar quando alguém já está em julgamento. Não pode fazer o processo inverso, que seria pegar no resultado do ADN encontrado nos cabelos presentes no boné e compará-los com a base de dados existente, para descobrir quem o usava na altura em que o deixou cair no meio da despensa de minha casa!

Admito que um boné possa ser usado por várias pessoas, não necessariamente aqueles que me assaltaram a casa, mas já era um príncipio de busca!

Assim, a polícia aconselhou a minha mãe a ir visitar as joalharias todas que pudesse na zona de Lagoa e Portimão para ver se via as suas jóias à venda em algum lado para depois fazer queixa à polícia.

E pronto. É assim que se resolvem as coisas...

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