segunda-feira, 21 de março de 2005

Porquê só os Grandes?!

Este fim-de-semana vi um programa na televisão como já não via há muito tempo. O canal era a RTP N e o programa "Liga dos Últimos".
Já tinha visto a apresentação várias vezes, mas nunca me tinha dado ao trabalho de perder mais que 3 segundos com ele. Erro meu!

Pensei que seria mais um daqueles programas com os "paineleiros" a discutir os erros dos árbitros, as jogadas, os golos, as faltas, as claques, etc. Mas não. O que eu vi foi de ir às lágrimas.

Primeiro, falam sobre os últimos do futebol. Mas não são os últimos da Superliga! Não!!! São os últimos das ligas regionais, locais e de bairro. Até há mesmo um ranking mundial, onde vão descobrir equipas do Burquina-Faso e semelhantes, em que o primeiro lugar é sempre ocupado por uma equipa com, no mínimo, 45 derrotas, 2 empates e nenhuma vitória.

Depois há a reportagem de jogo. Neste eram as "Águias da Perafita" contra os "Passarinhos da Cedofeita" (ou algo do género). O jogo acabou com uma vitória de 3-0 para a equipa da casa, que joga em campo pelado e com um treinador para a semana e outro para o Domingo. Isto acontece porque o treinador da semana não tem carta de condução e tiveram que arranjar outro com carta que pudesse levar os jogadores aos jogos fora, na sua carrinha. A claque é reduzida e principalmente composta por malta sem dentes, mulheres que não se consegue perceber uma palavra do que dizem e homens que vão para o jogo principalmente para beber cerveja, porque nem sequer gostam de futebol.

Outro dos jogos reportados realizava-se num parque de campismo. "Deve ser só hoje", pensei eu. Mas não. É habitual. Tão habitual que alguns jogadores já tiveram que ser assistidos no hospital depois te terem posto os pés em cima das estacas das tendas que, por descuido, não foram retiradas.

Outra rúbrica muito interessante dá pelo fantástico nome de "Tototola das Cabeleireiras" (Isto é a sério!!!) Nesta edição foram a um cabeleireiro na Cedofeita (essa bela localidade), gerido por duas cabeleireiras desde a partida do patrão para o Brasil. Cada uma das senhoras dá palpites sobre os resultados dos próximos jogos. Para melhorar a coisa, uma das "Saletes" tinha levado a filha para o trabalho nesse dia. A Ana, de 11 anos, foi também entrevistada para o Tototola mas não quis arriscar. Em vez disso, fartou-se de dizer mal do cabeleireiro, que era uma espelunca, que bastava olhar para os assentos das cadeiras cheios de fita-cola para ver que aquilo não prestava para nada.

Quando questionada sobre o seu desejo de seguir as pisadas da mãe e se tornar cabeleireira um dia mais tarde respondeu logo com um "nem pensar!". Em vez disso quer ser "bombeira voluntária", mas como disso não pode viver (como o nome indica, é trabalho de voluntariado) e após uns momentos de reflexão, quer acumular o voluntariado com a profissão de telefonista dos bombeiros. Porque não, pergunto eu?

Quando puderem, dêem uma vista de olhos neste programa porque vale mesmo a pena!

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