quinta-feira, 31 de março de 2005



Cinema Paradiso

É impossível. Por mais vezes que veja este filme não me consigo controlar. Sempre nas mesmas alturas, nas mesmas cenas, nos mesmos diálogos, rebento a chorar que nem uma Madalena. Não é apenas aquela lágrimazita no canto do olho. Não. É choro sentido, daquele que entope o nariz e deixa a voz embargada. Já o vi pelos menos umas 10 vezes, já sei a história de cor e salteado e mesmo assim, de cada vez que o vejo é como se fosse a primeira vez.

Acho lindo que a censura do padre exija o corte de todas as cenas de beijos. Que o cinema seja o ponto de união de toda uma aldeia siciliana nos anos quarenta. Que o vencedor da lotaria desportiva pague a renovação do cinema depois de este ter sido destruído por um incêndio. Que por erro de encomenda só tenha vindo uma cópia de um filme e que um desgraçado ande para trás e para a frente de bicicleta entre 2 aldeias para que todos possam ver o filme (mesmo que uma das aldeias tenha visto primeiro a segunda parte). Que o filme seja projectado na fachada de uma casa para todos na praça o puderem ver (mesmo que isso implique que o dono da casa não possa abrir a janela). Que se roube dinheiro do leite para comprar bilhetes para ir ao cinema. Que se espere meses a fio por um sinal de amor.

Que se parta para nunca mais voltar e que se volte 30 anos depois para descobrir que aquela sempre foi a nossa casa e que influenciou todo o nosso percurso.

Ontem vi-o novamente.

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